O legado de Jorge Amado continua vivo nas ruas da Bahia e nas telas de TV

Jorge Amado. Imagem: internet.
Filho de Ferradas, Itabuna-Bahia
O Brasil já nasceu sendo abençoado por várias maravilhas naturais que por si só mantêm o país como uma das nações mais importantes do mundo em âmbito geopolítico. Além desse privilégio, contamos também com uma rica cultura que nunca teve medo de absorver influências de vários cantos do mundo para criar produtos que se tornariam clássicos da música, do cinema e da literatura.
Boa parte dessas criações vêm do Nordeste. A literatura de cordel, por exemplo, inspirou a peça teatral O Auto da Compadecida, do autor paraibano Ariano Suassuna, que posteriormente se transformou em um filme de grande sucesso. O axé, ritmo que nasceu em Salvador na década de 1980, embala até hoje as festas de Carnaval em boa parte do país.

Da Bahia, também saíram autores de obras que são celebradas dentro do mundo literário pela qualidade de suas histórias e da sua prosa. Esse é o caso dos livros escritos por Jorge Amado. Desde seu nascimento em Itabuna, em 1912, quando a cidade ainda era um distrito que fazia parte de Ilhéus, ele teve contato com as adversidades encontradas na vida diária do nordestino. Tais questões foram refletidas em obras incomparáveis, que mesclam personagens marcantes, cenários inesquecíveis e uma fluidez de escrita que é raramente encontrada não apenas no Brasil, mas também no resto do mundo.
Muitas vezes acabamos marcando a importância de um autor por meio de seu sucesso comercial, e Jorge Amado certamente ultrapassou esse parâmetro ao ter seus mais de 30 livros traduzidos para 50 idiomas diferentes. Para além disso, seus legados literário e cultural continuam firmes e fortes graças a instituições como a Casa de Cultura Jorge Amado, em Ilhéus.

As casas de Jorge

Indo contra a corrente de tantos autores brasileiros que depois do sucesso acabaram deixando o país, Jorge Amado foi fiel ao Brasil durante boa parte da sua vida. Para além de seus exílios durante as décadas de 1940 e 1950, devido a associações políticas, o autor fez da Bahia não só o cenário de boa parte das suas obras, mas também a sua residência, mesmo após seu grande sucesso.
Não é por menos que o acervo original das obras de Jorge Amado ainda estejam na Bahia, mais especificamente na Fundação Casa de Jorge Amado, em Salvador. O autor e sua família resistiram às pressões internas e externas e evitaram que seus escritos fossem espalhados mundo afora para serem preservados. Na época, não se tinha confiança nas instituições brasileiras para que essa manutenção fosse feita, o que tornava essa pressão bastante grande. Entretanto, desde 1987, a Fundação vem provando exatamente o contrário. No prédio azul com típica arquitetura baiana localizado no famoso Largo do Pelourinho, estão contidos não só os originais de Jorge Amado, mas também arquivos de fotos, artigos, medalhas e muitos outros objetos da sua ilustre carreira.
As homenagens à Jorge Amado não param por aí. O autor se considerava originário de São Jorge De Ilhéus, cidade pela qual tinha grande afeto, e ganhou, nessa localidade, a supracitada Casa de Cultura Jorge Amado. A casa foi construída pelo pai de Jorge, João Amado Faria, na década de 1920, e foi lá que o então adolescente Jorge esboçou o que se tornariam livros como O País do Carnaval e Cacau. Hoje, a Casa de Cultura Jorge Amado expõe itens pessoais do autor e de seus pais, como fotos e roupas da família, além de vídeos sobre clássicos como Gabriela, Cravo e Canela.
Tanto a Fundação em Salvador quanto a Casa em Ilhéus servem de monumentos às obras de Jorge Amado, além de também serem grandes atrativos turísticos para as cidades e para o estado da Bahia. Ambos os locais fazem parte do roteiro acadêmico de estudiosos das obras do autor – que pesquisam sobre sua vida e carreira – e de entusiastas de seu vasto repertório literário.

Personagens icônicos, cenários marcantes

Muitos dos grandes autores mundiais levam certo tempo para encontrar de vez sua voz literária. Jorge Amado, porém, era tão talentoso que levou pouco tempo para mostrar sua proficiência. Em seu segundo livro, que leva o nome de Cacau, Jorge Amado ilustra de forma magistral, por meio da sofrida vida do imigrante sergipano José Cordeiro, a vida árdua dos trabalhadores nas fazendas de cacau no sul da Bahia. A obra, cuja adaptação audiovisual pela Globo está sendo produzida desde 2018, foi escrita pelo autor quando tinha apenas 22 anos de idade e o projetou como talento em ascensão nos círculos literários da época.
Quatro anos mais tarde, em 1937, o livro Capitães da Areia firmaria Jorge Amado como um dos grandes nomes da literatura brasileira. As artimanhas de Pedro Bala e seus companheiros, que ocupavam as ruas de Salvador, são hoje leitura quase obrigatória em instituições de ensino brasileiras, visto que ilustra de forma acessível a dura realidade das ruas na época.
Mais tarde, na década de 1960, Jorge Amado iria estremecer as bases da moralidade social brasileira com mais um clássico: Dona Flor e Seus Dois Maridos. A obra não tem qualquer restrição em expor os prazeres de personagens como Vadinho. Marido da personagem que dá nome à obra, Vadinho é assíduo jogador de bacará, modalidade que consiste, conforme é possível verificar na plataforma Betway cassino online, em tirar três cartas de um baralho e apostar se o resultado irá favorecer você, o crupiê – que também tira cartas – ou ambos, terminando em empate. Entretanto, os deleites expostos em Dona Flor e Seus Dois Maridos não se limitam aos jogos de Vadinho. Assim como em Gabriela, Cravo e Canela, que pode ser encontrado no Submarino, a rica culinária baiana e o romance são partes integrais da trama.

Jorge vive

Em muitos aspectos da vida pessoal e profissional, Jorge Amado foi uma pessoa ímpar. Suas obras não só deram continuidade ao movimento do neorrealismo literário brasileiro, que relatava de forma nua e crua a realidade das camadas mais pobres da população por meio de obras ficcionais, como também representaram um marco da história cultural brasileira, dando frutos até hoje.
Enquanto as bibliotecas e livrarias têm em suas estantes várias obras de Jorge Amado que a cada ano conquistam novos leitores e fãs, a tela da televisão é também outro meio em que se pode encontrar as histórias do autor baiano. Tieta, Porto dos Milagres e Gabriela viraram novelas da Rede Globo, tendo a última ganhado três adaptações: em 1960, 1975 e 2012. Além disso, algumas das obras de Jorge Amado também já viraram filme. Além de Dona Flor, Gabriela e Tieta, entraram no rol de adaptações audiovisuais Jubiabá, Tenda dos Milagres e Capitães da Areia.
As obras de Jorge Amado, mesmo tendo sido escritas entre as décadas de 1930 e 1970, se recusam a ficar datadas. Em parte, isso acontece por conta do fato de muitas das aflições que atingem os personagens e os cenários descritos pelo autor ainda não terem sido solucionadas em nosso país, mas também – e principalmente – por conta da habilidade do autor de escrever clássicos desde os seus primeiros passos no mundo literário.
Da redação do blog do gusmão

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