POETAS PARTICIPAM DO PROJETO “Vamos Cuidar de Itabuna” DA ESCOLA PIO Xll
O diretor Wilson e Clovisnaldo Argôlo, presidente do Clube do Poeta Sul da Bahia |
“Vamos Cuidar de Itabuna”
foi o projeto criado pela direção da Escola PUI Xll, bairro da Conceição, para o
seu primeiro semestre, em Itabuna para levar conhecimento educativo ambiental
aos alunos daquela instituição.
Os alunos através de pesquisas sobre o meio ambiente, desenvolveram análises, artigos, poesias e um filme sobre a poluição
do rio Cachoeira. O filme foi exibido na própria escola para vários convidados,
inclusive aos poetas do Clube do Poeta do Sul da Bahia.
Os poetas, que contribuíram com o projeto levando aos alunos
materiais (Poesias) em homenagem ao Rio Cachoeira, além de brindarem aos alunos
com vários recitais de poesias, os poetas também, levaram muita alegria, contando histórias sobre o que foi o Rio Cachoeira, sem poluição anos atrás.
Colaboraram com o Projeto dos alunos da Escola Pio Xll, os
poetas: Adeildo Marques, Clovisnaldo Argôlo, Joselito dos Reis, Donaciano
Macedo e Antonio Oliveira, quando os trabalhos desses poetas foram muito
significativo para a conclusão do projeto.
ARTIGO:
16 Abril 2013 - Publicado no Diário Bahia
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Sônia Maron *
Para Ruy Barbosa, Castro Alves,
Orlando Gomes, Josafá Marinho, José Joaquim Calmon de Passos, Otávio
Mangabeira, Jorge Amado e Dorival Caymmi, in memoriam; para Caetano Veloso e
Gilberto Gil, vivos e também baianos e Edson Arantes do Nascimento, mineiro, o
atleta do século passado.
Os nomes citados na epígrafe merecem a louvação. E
o faço, louvando-os, "deixando o que é ruim de lado", no verso
inspirado e sempre oportuno de Gilberto Gil. Cheguei de Salvador há poucas
horas e apesar de ter residido durante dezesseis anos na metrópole, mantendo
atualmente visitas frequentes aos médicos que já se transformaram em amigos
queridos e inseparáveis , desta vez fui compelida a refletir mais um pouco
sobre a "boa terra". Parafraseando Saramago, usando um dos seus
personagens em "Ensaios sobre a cegueira", diria que cegos existem
que vendo, insistem em não querer ver. Eu acrescentaria que a visão de que são
dotados é caolha e distorcida, fenômeno que pode ser atribuído à falta de
sensibilidade, carência total de cidadania, ou mesmo à conveniência. São
projetos de poder que escapam à nossa vã filosofia...
Andei tentando entender, pelo menos
superficialmente, a visão de modernidade e pós-modernidade, pois não tenho a
pretensão – pobre de mim – de discutir os dois conceitos. É aquele bordão de um
antigo programa humorístico, de uma emissora de TV: "não precisa explicar,
eu só queria entender..." E ainda não entendi. Daí os nomes invocados,
ausentes e presentes, todos baianos, exceto Pelé. Para desenvolver meu tema
preciso da ajuda deles; tenho a esperança de que não estão aplaudindo as
inovações, o clima de euforia, o oba-oba, que pelo andar da carruagem vai
deletar todos eles. Afinal, eles e eu somos egressos do século passado e as
pós-modernidades da Bahia são postas em prática em um novo milênio. Busquei, no
afã de entender alguma coisa sobre o nebuloso assunto, o artigo de Ivo Dantas,
extremamente confiável pelo vasto currículo de cientista social, estudioso do
direito público e filosofia do direito, que analisa a mudança de paradigmas no
conhecimento científico, passando do paradigma cartesiano para outro, conhecido
como paradigma holístico (DANTAS, Ivo – A pós-modernidade como novo paradigma e
a teoria constitucional do processo (disponível em
http://jus.com.br/revista/texto/13310). Mutatis mutandis, estaríamos diante de
novos paradigmas? Simples assim? Sem choro nem vela? De repente, não mais que
de repente, como diria o poetinha, o Vinicius, aquele que morou em Itapoan? Eu
posso até entender, reservando-me o direito de não aceitar.
A Bahia comemora a inauguração do seu estádio, como
um dos estados escolhidos para sediar jogos da Copa do Mundo, bem ao seu estilo
atual: com cerimônias político-eleitoreiras, shows no estilo carnavalesco e
outros apetrechos próprios da sua pós-modernidade e mantendo um dos costumes
políticos, incorporado à sua cultura, que é prestar homenagens e revogar
homenagens. Mais uma homenagem, para seguir a tradição, é revogada: o ESTÁDIO
GOVERNADOR OTÁVIO MANGABEIRA, conhecido popularmente como ESTÁDIO DA FONTE
NOVA, foi rebatizado como itaipava arena fonte nova. Consagra-se, como
evidente, a bebida alcoólica e a disputa em uma "arena", expressão
que remete o inconsciente coletivo aos antigos anfiteatros romanos, onde se
travavam combates entre feras e gladiadores , sacrificavam-se prisioneiros etc.
etc. Os dicionários trazem outros significados, é verdade. Basta consultar os
mais votados – Novo Aurélio, Aulete e Larousse – e esquecer bobagens como a
história do mundo cristão e a barbárie da antiguidade e afirmar que a força psíquica
do inconsciente coletivo não é assunto de interesse da formação cultural do
"Brasil de todos nós". Outro significado que os dicionários apontam
para a expressão "arena" é "área central de circo, onde se
apresentam os artistas e os animais" e ainda "área circular fechada,
onde se realizam touradas ou outros espetáculos". No pertinente às
touradas, faço parte da torcida organizada do touro.
Em contrapartida, o significado de
"estádio" reflete o embate entre praticantes de um esporte mundial,
usado para aproximar os povos, símbolo de congraçamento e convivência pacífica,
sagrando-se vencedor o mais habilidoso e íntimo da bola, objeto disputado para
atingir a meta gloriosa, que é o gooooooool! Vale observar que a bola não tem
arestas, é redonda, como redondo é o mundo, simbolizando, em última análise, a
fraternidade. Se o mundo é redondo, não existem limites a separar os povos.
Este é o futebol que deve ser disputado. Por que a preferência pelo vocábulo
"estádio"? Os dicionários mais festejados registram a origem: do
grego stadion e do latim stadium, significando, igualmente, campo de jogos
esportivos, lugar destinado à realização de jogos e disputas, com arquibancadas
e instalações para o público, e exemplificam com o estádio de futebol e o
estádio aquático. Se gregos e romanos estabeleciam a distinção entre
"arena" e "estádio", a Bahia, vivendo o século XXI, pode
ditar regras, enaltecer a bebida alcoólica (beba com moderação...) e afirmar
que a expressão "arena" nem de longe lembra luta, combate,
animosidade. O esporte, emissário do congraçamento e regras civilizadas de
convivência, que se dane. Pensando bem, é melhor enterrar a história que traz
conceitos e preconceitos bolorentos e enferrujados e sob a égide do honroso
patrocínio ditar novas regras de conduta, novas fórmulas mágicas para apagar o
inconsciente coletivo, como a receita milagrosa que apagou nossa dívida
externa. A propósito, basta uma boa dose de Itaipava, a madrinha da "arena
fonte nova" para silenciar o consciente dos baianos. O inconsciente coletivo
é um desconhecido imbecil, provavelmente um esquizofrênico, estranho ao público
dos estádios que saíram do ensino público fundamental e médio: camisa de força
nele e bola na rede que o Brasil é penta!
Enquanto isso, os motoristas alcoolizados matam e
morrem diariamente e nossos índices superam as mortes por cardiopatias graves,
câncer, diabetes e até mesmo outras patologias tão bem assistidas pelo SUS... É
a queda de braço entre o trabalho dos policiais do trânsito e os fabricantes de
bebidas, notadamente as cervejarias inocentes, indispensáveis ao consumo dos
brasileiros e baianos, autêntico gênero de primeira necessidade que deveria ser
incluído na cesta básica, com a edificante colaboração dos "garotos"
e "garotas", celebridades da propaganda visual e televisiva,
venerados pelo povão de Deus. Com o entusiasmo injetado pela nova arena e as
bênçãos dos cifrões da Itaipava, as torcidas organizadas tipo "gaviões da
fiel" e "mancha verde", jamais alcançarão a Bahia, tão protegida
de todo o mal, como o dengue, por exemplo. Enterre-se OTÁVIO MANGABEIRA! Viva a
"arena itaipava"! SENHOR DO BOMFIM que se cuide e fique quietinho em
sua sagrada colina.
É possível que o povão baiano, feliz e orgulhoso do
seu novo status, tenha apagado da memória a imagem do atleta do século passado,
EDSON ARANTES DO NASCIMENTO, ético, elegante no trato com a bola, com a torcida
e os adversários do momento, sem esquecer o comportamento social sóbrio e
comedido de quem sabe a responsabilidade de viver como formador de opinião, também
conhecido no Brasil e no mundo como REI PELÉ. O REI do futebol, o garoto
mineiro de Três Corações, que roubou a cena na Copa do Mundo em 1958 na final
com a Suécia, nunca aceitou figurar como garoto propaganda de marcas de
cigarros ou de bebidas. É o atleta do outro e deste século.
*Sônia Maron é membro da Academia de Letras de
Itabuna – ALITA
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