CACAU DO LEITE” MEU PRIMEIRO EMPREGO:
“CACAU” E FLORISVALDO NOSSAS LEMBRANÇAS DE INFÂNCIA
Por - Joselito dos Reis*
Considerado
como nosso primeiro patrão ficamos muito tristes quando soubemos da morte do
senhor Nivaldino Miranda da Cruz, o nosso conhecido “Cacau”, do Bairro da
Conceição, no ultimo dia 20 de Fevereiro de 2016. Naquela época
contávamos com dez anos de idade, possamos dizer ainda menino, aflorando a
adolescência. Estudávamos na Escola Paulo Vl (Igreja de Nossa Senhora da
Conceição), onde a passagem mais esperada era a hora do recreio, da merenda!
Isso, devido, a chegada do deguste do delicioso doce de leite e banana em
rodela e em calda da cantina. Pois nessa época prestávamos serviço, com muita
satisfação a “Cacau”. “Cacau” tratava a todos nós com muito respeito! Éramos
entregadores do seu leite “in-natura”, de porta em porte; de casa em
casa, através de vasos plásticos de medida, de um a dois litros no
próprio bairro.
Muitas vezes usando um carrinho de mão. Trabalhávamos, a
bem verdade, como crianças, mas tínhamos uma infância alegre e feliz, pelas ruas,
jardins e praça de nossa cidade, apesar – lembro-me – das grandes dificuldades
financeiras, já que meu pai tinha barraca de cereais na feira-livre e minha mãe
costurava por produção, contando com a nossa ajuda. Era um tempo muito difícil!
Para mim e meus irmãos, José Deraldo Filho (Alemão) e Joelson dos Reis Santos
(Bicudo), também, Jorge Luis Reis Santos, mas Deus o levou mais cedo! Mas
contávamos com extensos espaços para brincarmos. Podíamos ainda colher
frutos nos campos (Goiaba, Araçás, Jaca, Jaca de Pobre etc).
O
Rio Cachoeira para pescarmos, onde o principal local era a Ilha do Mutucugê, e
tomarmos banho em seu leito, o que se tornava em grandes “brincadeira,
diversão e lazer”, contávamos também com os amigos da mesma idade! O rio de
água cristalina e abundante, peixes e crustáceas de todas as espécies, bem
diferente da poluição de hoje, quando o rio se transformou em um grande esgoto.
Em todo local do bairro, tinha um “campinho de futebol” para jogarmos
“nosso baba”... Muitas vezes, passando do horário e apanhando de nossos, quando
chegávamos em casa. Naquela época as crianças apanhavam e
trabalhavam, não tinham nenhum impedimento e todos viviam felizes. Nós também
não podíamos esquecer-nos das obrigações religiosas, fazendo o catecismo e a
primeira comunhão na Igreja Católica. Não tínhamos tantas igrejas, em cada
esquina como hoje...!
Até parece um grande comércio, onde a mercadoria mais
cara “é Jesus!”. Isso, nos anos 50,60 e 70! Não tinha tantas e tantas
violência, assassinatos e misérias como nos tempos de hoje, onde o menor não
pode trabalhar e nem tomar uma palmada de seus pais... e quanto mais o
povo reza, ou ora, assombração aparece!...
“Cacau”,
que era um negro de estatura mediana e muito querido de sua comunidade, quando
ele nos pagava, dávamos uma parte do dinheiro aos nossos pais e a outra, para o
nosso lazer: comprar doces, na venda de D. Maria de Seu Júlio (Praça da
Vilalazara), Pães com goiaba e caldo de cana; alugar bicicleta nas agencias do
Bairro da Conceição,
Outra grande diversão era os nossos
cinema: Itabuna, Catalunha, Oásis, Plaza, Marabá e o da Fazenda Progresso, nas
matinais e matinês, dos finais de semana. Também comprávamos e trocávamos
“Gibis”, nas portas desses cinemas, com os amigos e conhecidos. Era uma época
de ouro, e o nosso querido “Cacau”, queira ou não, nos proporcionou essas doces
e inesquecível lembranças. De “Cacau”, na entrega do de leite, onde a sede
ficava no inicio na Avenida Buerarema, hoje denominada de Rua Hercília
Teixeira, mais tarde fomos trabalhar na Padaria Santa Fé, a convite do nosso
saudoso, Florisvaldo Vilas Boas.
Obrigado
“Cacau” obrigado Florisvaldo, vocês nos ajudaram e proporcionaram sermos os
grandes profissionais de hoje.
Que
Deus os abençoem em qualquer demissão por onde estiverem.
Também,
em nome dos meus irmãos?
-Jose
Deraldo Filho (Alemão) hoje torneiro mecânico em São Paulo
-Jelson
dos Reis Santos (Bicudo) hoje ajustador mecânico em São Paulo
-Joselito
dos Reis Santos (Lito/cobrinha) há 42 anos no setor de comunicação em Itabuna
*Joselito dos Reis, e poeta e jornalista.
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