CLUBE DO POETA SUL DA BAHIA VAI ÀS ESCOLAS NESTE DIA 14

Numa iniciativa do presidente do Clube do Poeta do Sul da Bahia, poeta Adeildo Marques, neste dia 14 (Dia da Poesia) esta entidade estará nas escolas levando a nossa poesia grapiúna aos alunos.

Este projeto do grupo de recital do Clube acontece todos os anos. O grupo é formado pelos poetas sócios e, entre eles, estão os poetas: Clovisnaldo Argolo, Aldo Bastos, Tom Poesia, Glória Brandão, Eglê Machado, Sônia Amorim, Walmir do Carmo, Zé Marques, Romilton Teles, Jailton Alves, Zélia Possidônio, Regis Bolañes e outros.

Por que o Dia da Poesia?

 Do conversadeportugues.com.br - 14 de  março  é  considerado o  Dia  Nacional da Poesia, em homenagem a Antônio Frederico de  Castro Alves, nascido em 1847.  O poeta  foi  um dos  maiores  nomes do Romantismo brasileiro e  uma  das  principais  vozes a favor da abolição da escravatura.  Na  verdade,  existem  outras  datas  em  que a  poesia  é  celebrada e, no  Brasil, existe  uma grande  polêmica  sobre isso: o  dia 14 de  março  nunca  foi  oficializado! O Projeto de Lei 3308, de 6 de maio de 1977,  que propunha a data, foi arquivado dez anos depois!
Pode parecer  estranho, mas temos   um outro suposto Dia  Nacional da  Poesia: 20 de  outubro.  A data  marca a fundação, em  1976,  do Movimento Poético Nacional.   Naquela  ocasião, reuniu-se  um grupo de poetas  na  casa do jornalista e poeta modernista Menotti  del  Picchia, com  o  propósito de  organizar  saraus públicos e  promover as  obras de  poetas  e músicos. O Movimento  Poético Nacional  é presidido atualmente por Walter Argento.

BELEZA
Menotti del Picchia
A beleza das coisas te devasta
como o sol que fascina mas te cega.
Delas contundo a luminosa entrega
nunca se dá, melhor, nunca te basta.
E a imensa paz que para além te arrasta
quanto mais se te esquiva ou te renega…
Paz tão do alto e paz dessa macega
que nos campos esplende à luz mais casta.
A beleza te fere e todavia
afaga, uma emoção (sempre a primeira e nunca
repetida) que conduz
o teu deslumbramento para um dia
à noite misturado, na clareira
em que te sentes noite em plena luz.
Embora o  MNP considere o   20 de  outubro uma data de  comemoração  nacional,  não existe  nenhuma lei  federal  que  a  respalde. Na  capital paulista, sede do Movimento, a Lei nº 8.630 de 1º de outubro de 1977 institui o 20 de outubro como o Dia da Poesia em São Paulo. Também no  estado do Rio de Janeiro,  há uma lei  semelhante datada de 1978.
Na década de 1970, houve uma   tentativa frustrada de  oficializar o  20 de outubro como data nacional. O Projeto de Lei 3969/77, de  autoria do deputado  Gioia Jr – Arena  foi arquivado em 24 de novembro de 1980, mesmo com o parecer favorável, na época, dos então senadores Franco Montoro e Pedro Simon.
Em  19 de abril, aniversário do modernista Manuel Bandeira, é celebrado o Dia do Poeta, data proposta pelo Projeto de Lei Nº 770 de 2007, de  autoria do deputado  Inocêncio Oliveira,  que  aguarda a apreciação do Senado; ou seja, a data também  não  é oficial!

MENINOS CARVOEIROS
Manuel Bandeira
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
– Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe,
dobrando-se com um gemido.)
– Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles…
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarrapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos
desamparados!
Petrópolis, 1921.

Atualmente, transita no  Congresso  Nacional  o Projeto de Lei 3694/12, de autoria do senador Álvaro Dias, uma homenagem a   Carlos Drummond de  Andrade.  O  projeto ainda  não   foi julgado pela   Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
A Máquina do Mundo
Carlos Drummond de Andrade
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em corte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
“O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste… vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes
em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.
 Existe, ainda,  o  Dia  Mundial da Poesia: 20 de  março. A data foi criada em 16 de  novembro de 1999,  durante a  30ª  Conferência  Geral da  UNESCO –  Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

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Leia mais:
Referências:
ANDRADE,  C.D. Máquina do mundo. Disponível em:  <http://www.releituras.com/drummond_amaquina.asp>  Acesso em 14  mar  2015
BANDEIRA,  M. Meninos  carvoeiros.  Disponível em <http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=649&sid=249> Acesso em 14  mar 2015
PICCHIA,  M.  Beleza.  Disponível em <http://www.jornaldepoesia.jor.br/mpicchia05p.html>. Acesso em 14 mar. 2015

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